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HERMETISMO — HERMES TRISMEGISTO, HERMES, THOT



EXTRATOS E ESTUDOS: A.-J. FESTUGIÉRE; François Bonardel; Hermetismo Cristão; Tábua de Esmeralda; Elie Lemoine


Bibliografia digital (seleção)


Em particular, Orígenes, indo até o fim nesse caminho, empenhou-se em sua ação de cristão, em levar para a clareza da revelação bíblica não só a sabedoria filosófica dos pagãos como também a "sabedoria dos príncipes deste mundo" (1Cor 2,6), pela qual ele entendia "algo como a pretensa filosofia secreta dos egípcios" (fazendo alusão aos escritos herméticos atribuídos a "Hermes Trismegisto" = Tot, divindade egípcia), "a astrologia dos caldeus e dos hindus… que prometem ensinar a ciência das coisas supraterrestres" e também "as múltiplas doutrinas dos gregos sobre a natureza do divino". Ele considerava possível que os poderes do mundo não ensinem sua sabedoria "aos homens… para os lesar, mas porque eles mesmos acreditam na verdade dessas coisas". Ideias semelhantes encontram-se na Praeparatio evangélica de Eusébio de Cesareia (Hans Urs von Balthasar).


René Guénon: HERMETISMO; TRADIÇÃO HERMÉTICA; HERMES; O TÚMULO DE HERMES; APROXIMAÇÕES MAÇÔNICAS E HERMÉTICAS

Julius Evola: A TRADIÇÃO HERMÉTICA

Uma exegese dá-nos, de fato, a «vara de Hermes», qual símbolo da união de um filho (Zeus) com a mãe (Rea, símbolo da força universal), a quem perseguiu e conquistou depois de matar o pai e apoderar-se do seu reino: é o símbolo do «incesto filosofal», que encontramos em toda a literatura hermética. Hermes é, sem dúvida, o mensageiro dos deuses, mas também aquele que consegue roubar o cetro a Zeus, a Vénus o cinto, a Vulcano, deus do «Fogo da Terra», os utensílios da sua arte alegórica; e na tradição egípcia, tal como nos relatam os mais antigos autores, Hermes, investido duma tripla grandeza — Hermes Trismegisto — , confunde-se com a imagem de um dos Reis e dos Mestres da idade primordial que deram aos homens os princípios de uma civilização superior. O sentido exato de tudo isto não escapará a ninguém.

O termo "hermetismo" designa normalmente: a) o esoterismo em geral: b) a alquimia: c) os textos gregos do início de nossa atribuídos a Hermes Trismegisto (os textos reunidos sob o título de "Hermética"). É nesse terceiro sentido (c), que Antoine Faivre adota "hermetismo" estritamente. A este correspondem o adjetivo "hermético", que designa o pensamento das Hermética (portanto, aplica-se apenas a textos que datam dos primeiros séculos de nossa era) e o adjetivo "hermetista", que designa todo o conjunto da tradição esotérica colocada sob o signo de Hermes Trismegisto e dessas Hermética (essa tradição é o hermetismo dito neo-alexandrino, que floresceu sobretudo do século XV ao século XVII). Dito isso, não é surpreendente encontrar em outras partes o adjetivo "hermético" empregado também no sentido de "alquímico" e até de "esotérico". É ainda ao terceiro sentido (c) que remete o substantivo inglês "hermetism", enquanto "hermeticism" tem um sentido muito mais extenso (mas muitas vezes utiliza-se um em lugar do outro, daí outras confusões). Faivre propôs sistematizar no francês a distinção feita em inglês. O substantivo "hermeticismo" não sendo um belo neologismo, sugere o emprego de "hermesismo" para designar um corpus de referências que não se limita à tradição hermética e hermetista, mas que inclui a maioria das formas assumidas pelo esoterismo moderno (como alquimia, Qabbalah, rosicrucismo, magia). A atitude "hermesiana" seria, para Faivre, comum às várias formas do esoterismo ocidental e remeteria mais geralmente a Hermes, o deus do caduceu, do que apenas a Hermes Trismegisto. Como bem diz Françoise Bonardel, seria hermesiano aquilo que, inspirado pelo Verbo de Hermes, "incita a empreender um ato hermenêutico de compreensão gnóstica" (F. Bonardel, L’hermetisme, Col. "Que sais-je?", 1985, p. 7, que, na essência, retoma as distinções que Faivre propõe). cf. notícia de Antoine Faivre em seu livro "O Esoterismo" (Papirus)

O hermetismo é uma das criações do helenismo. Livros de astrologia atribuídos à sabedoria imemorial do deus egípcio Hermes-Thot tinham já surgido no século um a. C., mas ao que se chama o Corpus Hermeticum é uma coleção de escritos de vários gêneros, redigidos entre 100 e 300 d. C., que sofreram sem dúvida a influência das mudanças nos círculos gnósticos. Na realidade, o hermetismo é uma etiqueta colada sobre os conhecimentos emprestados de astrologia, magia e alquimia ao meio cultural da época. Só a cosmogonia do tratado Poimandres é original. A existência de uma comunidade hermética, nos primeiros séculos d. C., é problemática, mas a sua existência na Idade Média é seguramente ficção de má qualidade. (Verbete do Dicionário das Religiões, Mircea Eliade e Ioan Couliano. Dom Quixote, Portugal.)


Fernando Pessoa: Rosea Cruz
Deixe os espiritas e os theosophos orientaes. São quando muito publico para iniciados. Nada mais são. Acredite. E acredite também que a sciencia hermética é uma sciencia, e nada tem com disciplinas de vontade, saber querer e outras cousas assim. Tudo é sciencia, sabedoria — no desejo, vontade ou concentração. Essas são cousas que fatalmente seguem, porque o sentimento e a vontade estão á altura que as puzer a sciencia, a sciencia, não a inteligência ou o saber. Mas isto é liminar para o mystério. De resto já nas minhas palavras lhe disse o mystério todo. Disse-lh'o porque o sr. não percebe, nem perceberá nunca, porque não pode perceber. Quem compreender isto, — é a velha frase — que o compreenda».

«O sr. considera, por exemplo, pura imaginação e impossibilidade o Metzengerstein de Poe? (Um dos ocultos fantásticos de Edgar Allan Poe, em que se admite a metempsicose e se exemplifica como «quem com fogo mata, com fogo morre».)

«Mas com certeza…»

«Ingenuidade, creia. Ingenuidade e mais nada.»


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